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Visconde de Pirajá, 30.ago.2009 / Domingo de sol. Antes ou depois da praia, muitos pararam para ver (e aplaudir) a demolição da falsa passarela de Paulo Casé, que por tanto tempo ofendeu Ipanema. Resta o obelisco, ou o que quer que seja.

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Atenção com o vão / Costumo propor aos meus alunos de "História das Cidades" que realizem curtas sobre o Rio. Não ofereço nenhum tipo de apoio técnico ou financeiro. Mesmo assim, alguns trabalhos me surpreendem: "Em cartaz", na coluna à esquerda, o filme feito por Julia, Paola e Yasmin no semestre passado.
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7 years from now / Tenho encontrado várias pessoas otimistas com relação ao futuro do Rio. O argumento é mais ou menos o mesmo: "ah, mas depois do Cesar Maia..."
Essas pessoas se surpreendem com a minha aflição, tanto quanto eu me surpreendo com o seu otimismo. Por isso comecei a me esforçar para pensar positivo. Afinal, de fato há muitas possibilidades em vista (até mesmo a conclusão das obras da Cidade da Música, anunciada esta semana pelo prefeito).
Mas aí alguém me mandou este vídeo. Então vocês me desculpem, mas eu vou voltar para o meu pessimismo. O contrário agora só pode ser conivência, ingenuidade ou ignorância.


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ENTRE / Francesco, Gabriel, Mariana e Valmir são estudantes de arquitetura da PUC-Rio. Com a cabeça cheia de interrogações sobre a prática contemporânea da arquitetura no Brasil e no mundo, eles se juntaram há alguns meses em torno de um projeto comum: entrevistar arquitetos atuantes e considerados referenciais, com o objetivo de aproximar-se do pensamento, das práticas e rotinas que movem um escritório de arquitetura hoje.

Em meados do semestre passado, eles pegaram um ônibus para São Paulo, de onde voltaram com três ótimas entrevistas (João Walter Toscano, Vinícius Andrade e Marcelo Morettin; Lua e Pedro Nitsche), as quais, somadas e editadas, deram início ao site ENTRE, lançado sem muito alarde em junho.

Agora o ENTRE põe na rede a primeira entrevista com arquitetos cariocas. Otavio Leonídio e João Pedro Backheuser (BLAC Arquitetura e Cidade) falam bastante do Rio de Janeiro, e com muita franqueza: questionam a Vila do Pan (do atual Secretário Municipal de Urbanismo, eng. Sergio Dias) e o Museu da Bossa Nova (do ex-prefeito de Curitiba, arq. Jaime Lerner), por exemplo, além de vários outros projetos recentemente executados ou em vias de se concretizar na cidade. A produção atual dos arquitetos cariocas, aliás, é definida como “uma desgraça”, provocada tanto pelo vácuo do ensino quanto pela postura de instituições como o IAB. E os termos dirigidos aos urbanistas cariocas não são menos eloqüentes. A discussão está aberta:
www.entre.arq.br

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Sábado / Tarde chuvosa e fria no Rio. Voltei ao CCBB para me despedir de Tatlin e Malevich. Depois toquei para a Caixa, onde Le Corbusier me esperava. Amanhã é domingo, depois acaba.

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FAÍSCAS / "Em 2014 o Brasil sediará a Copa do Mundo. O Rio de Janeiro é cidade candidata para os Jogos Olímpicos de 2016. O projeto de revitalização da área portuária parece finalmente estar deslanchando. Recentemente foi anunciada a construção do novo Museu da Imagem e do Som, em Copacabana. O poder público está intervindo novamente nas favelas. Novas perspectivas se abrem para a cidade. Como podemos participar destas transformações? Que papel a arte e o desenho devem desempenhar para a qualidade dos espaços urbanos? Que agendas e interfaces arte e arquitetura podem compartilhar no desenho e na apropriação da cidade? "

Essa é a pauta do encontro que acontece em breve - só para convidados - na Galeria Progetti, reunindo artistas, arquitetos e designers. No encontro, Mark Wigley, diretor da Escola de Arquitetura da Columbia University, de Nova York, deverá apresentar também os planos da escola para abrir uma base de trabalho e pesquisa no Brasil - possivelmente no Rio - já chamada de "Studio-X".

Na verdade, o Rio já tem sido objeto de alguns trabalhos realizados pelos alunos de Columbia, cujos projetos para o Morro da Conceição poderão ser vistos também em breve na exposição "Rio Faíscas", que abre dia 31 (segunda-feira) no Espaço Maria Teresa Vieira (Rua da Carioca, 85).















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Midiateca PUC-Rio / Acaba de sair a edição "International 2009" da prestigiosa revista japonesa GA (Global Architecture). Os projetos publicados - quase todos de caráter público e destinação cultural - são assinados por Rem Koolhaas (Centro de Artes Performáticas de Taipei, Taiwan), Tadao Ando (Water Charnel/Cemetry, Taiwan), Alejandro Aravena (Vitra Children Workshop, Weil am Rhein, Alemanha), Renzo Piano (Torre em Turim, Itália), Frank O. Gehry (Fundação Louis Vuitton, Paris), Zaha Hadid (Porto de Antuérpia), Álvaro Siza (Fundação Nadir Afonso, Chaves, Portugal) e Sanaa (Pavilhão Serpentine, Londres), entre outros.

A arquitetura brasileira está representada pela Midiateca da PUC-Rio, projeto do escritório paulistano SPBR Arquitetos (Angelo Bucci e equipe), vencedor de concurso realizado em 2006 e laureado em 2008 com o Prêmio Holcim Awards. O projeto - que deverá custar em torno de 50 milhões de Reais - foi aprovado pelo Ministério da Cultura (Lei Rouanet de Incentivo a Cultura) no final do ano passado, e está em fase de captação de recursos.
























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Sinais /
Percorro quase diariamente, há anos, os 500 metros, se tanto, que separam a PUC do Shopping da Gávea.
À falta de alternativas, sigo quase sempre pela mesma calçada. Mas de uns tempos para cá passei a enxergar estes pequenos sinais, que agora tornam meu percurso muito mais prazeroso.
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Mais do MIS / Está no ar a segunda e última parte do relato de Vitor Garcez sobre as apresentações dos projetos do concurso do MIS: www.riodjanira.blogspot.com

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High Line /
Muitos cariocas estão se perguntando quem são, afinal, os autores do projeto vencedor do concurso do MIS. Estão aí, então, algumas imagens do High Line, parque público inaugurado há poucas semanas no West Side de Manhattan, que é também uma das realizações mais recentes do escritório nova-iorquino Diller Scofidio + Renfro.

Na verdade, neste projeto Elizabeth Diller, Ricardo Scofidio e Charles Renfro trabalharam em parceria com uma equipe conduzida por James Corner, landscape architect nascido em Manchester e que tem se destacado por atuar na revitalização de áreas industriais deterioradas, projetando parques que reinventam a paisagem da cidade pós-industrial (como o Fresh Kills Park, em Staten Island, também em vias de ser inaugurado).

Mas o High Line tem ainda uma característica especial: o projeto é conseqüência de uma longa mobilização comunitária em defesa de uma antiga via férrea elevada, construída na década de 1930 e desativada há cerca de 20 anos, que esteve para dar lugar a novos empreendimentos imobiliários.

Em 1999, moradores da região criaram uma associação (Friends of the High Line), dedicada a lutar pela preservação da via elevada e sua transformação em espaço público. Cinco anos depois foi realizado um concurso (disputado por Steven Holl e Zaha Hadid, entre outros), do qual resultou este belo parque suspenso, com cerca de 2 km de extensão, que hoje nos permite pairar sobre o Chelsea, tendo o rio Hudson de um lado e os galpões marrom-avermelhados do Meatpacking District, de outro.

Apenas o primeiro trecho (entre a Gansevoort Street e a West 20th Street) está aberto ao público. É o bastante, porém, para que experimentemos esta paisagem incomunicável, da qual participam o rio, as ruas, as flores, os trilhos. Além de alguns túneis, dentro dos quais podemos cruzar, de repente, com um trabalho como o de Spencer Finch, inspirado nas águas do Hudson (The River that flows both ways).










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Lucio Costa, presente / O Rio também tem notícias boas, e como: acaba de ser disponibilizado no site da Casa de Lucio Costa o acervo do arquiteto. É um conjunto riquíssimo de documentos, reunindo cartas, pareceres, desenhos e fotos, muitos dos quais totalmente inéditos até hoje, que foi organizado e digitalizado pacientemente nos últimos anos pela Casa de Lucio Costa, com patrocínio da Petrobrás.

Numa pesquisa muito rápida encontrei, por exemplo, uma carta afetuosa de Peter e Alison Smithson, datada de 1965, agradecendo pelo jantar na casa de Lucio Costa e fazendo comentários sobre um museu visitado à beira-mar em Salvador (seria o Solar do Unhão, de Lina Bo Bardi?). Outra carta, também assinada pelos Smithson, convida Lucio Costa para uma das reuniões do Team 10, a ser realizado em Toulouse em 1971.

Mas há muito, muito mais: de pareceres e atas de reuniões relativos a Barra da Tijuca a detalhamento de esquadrias... afinal, são 871 projetos, 1365 cartas...tudo identificado em fichas com todas as informações necessárias e pronto para ser acessado por qualquer um (em versão em PDF ou Word). Basta entrar no site da Casa (http://www.casadeluciocosta.org) , depois entrar em "acervo", e em seguida em "Dspace". O que vai se abrir então é um presente para todos os pesquisadores, estudantes e interessados em Lucio Costa, arte, arquitetura, urbanismo, patrimônio, cidade, modernidade, Brasil, Brasília, Rio de Janeiro...
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Gelo / MIS, porto, gripe suína...Chega. "Em cartaz", na coluna à esquerda, um outro Rio, por Raul Mourão.
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MIS.6 / Não deu outra: o vencedor do concurso do MIS foi o escritório nova-iorquino Diler Scofidio + Renfro. O projeto foi aquele ao qual um dos membros do júri - o secretário municipal de urbanismo, Sergio Dias - se referiu, durante o processo seletivo, como "uma apresentação à qual deveríamos assistir de joelhos". Pois é.
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MIS.5 / O testemunho de Vitor Garcez sobre as apresentações dos projetos finalistas do concurso do MIS merece ser lido: http://www.riodjanira.blogspot.com/. A segunda parte, relativa ao segundo dia de apresentações, deverá ser postada em breve. Boas imagens dos projetos podem ser encontradas em http://concursosdeprojeto.org/2009/08/07/concurso-mis-rj-finalistas/
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MIS.4 / As peças vão se juntando...no site do governo do Estado encontrei esclarecimentos fundamentais, inclusive quanto aos critérios do júri:

"O projeto é fruto de um trabalho conjunto entre a Secretaria de Estado de Cultura e a Fundação Roberto Marinho e tem como um de seus objetivos tornar o MIS um ícone arquitetônico, de projeção nacional e internacional, para a cidade do Rio de Janeiro. O Museu será construído em um dos endereços mais importantes da cidade – a Av. Atlântica, em Copacabana – e deve se tornar o Museu da identidade carioca, caracterizada pela produção artística.

O novo MIS será – além de um centro de memória, conservação e estudos já consagrado – um Museu de fato. Seu acervo será exibido de forma moderna, fazendo uso de novas mídias e da mais alta tecnologia, e interativa, com a intenção de encantar seus visitantes.

Os critérios utilizados para avaliar os projetos são: inovação e originalidade tecnológica e estética; adequação física e estética ao local; atendimento aos parâmetros estabelecidos no programa funcional; exequibilidade do projeto e atendimento aos parâmetros de sustentabilidade, tais como eficiência energética e do uso de água, e acessibilidade universal, ou seja, facilidade de acesso para todos os usuários e portadores de deficiência."

Os grifos são meus, claro.
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MIS.3 / Como não fui convidada a assistir as apresentações dos projetos para o novo MIS, só o que conheço até agora, além do relato do Vitor, são as matérias que saíram ontem na Folha e n’O Globo. Uma perspectiva de cada projeto, portanto, e nada mais. É claro que isso não é suficiente para avaliar um projeto de arquitetura, ainda mais quando se trata de um programa complexo como o de um museu, e de uma paisagem extraordinária como a da Av Atlântica. Mas como tenho recebido vários emails sobre o assunto, quero deixar claro que a minha primeira impressão também não é das melhores. Dentre os sete concorrentes, alguns têm grande prestígio internacional por projetos como o High Line, em Nova York (Diller & Scofidio, com James Corner), e a extensão do Museu Judaico de Berlim (Daniel Libeskind). Nenhuma das propostas apresentadas para o Rio, porém, parece estar à altura do seu próprio currículo. Pelas perspectivas apresentadas, é de se desconfiar mesmo que em alguns casos sequer o concurso tenha sido levado muito a sério. Pelo que foi divulgado até agora, pelo menos, não vejo porque qualquer uma das propostas mereceria tornar-se o mais novo “ícone arquitetônico do Rio, com projeção mundial”, conforme anunciado orgulhosamente ontem na primeira página do jornal O Globo. Um paralelepípedo inclinado...uma esfera metálica ligando o museu ao edifício vizinho...uma homenagem a Burle Marx...E o que dizer quando um arquiteto começa um projeto por um biquini? Seria ironia? Ou escárnio?
Desconheço (como todos) os critérios do júri, o programa arquitetônico e o histórico do processo que conduziu a esta etapa do concurso. Mas será que o resultado poderia ser diferente num concurso conduzido tal como este: cercado de silêncio e sem nenhuma transparência (embora envolva um investimento público da ordem de pelo menos R$ 13 milhões, relativos à desapropriação do terreno), com equipes que surgiram apenas na segunda etapa, e um júri (aparentemente formado por nada menos que 11 membros) cuja composição é, sob diversos aspectos, tão questionável?
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MIS.2 / A apresentação dos projetos concorrentes do concurso do MIS foi restrita a uma platéia de cerca de 30 pessoas, dentre os quais alguns estudantes de arquitetura. Vitor Garcez, aluno do Curso de Arquitetura da PUC e co-editor da Noz, estava lá e me passou a composição da banca, que supõe-se que seja a comissão julgadora: Bel Lobo (arquiteta), James Cathcart (membro do escritório norte-americano Ralph Appelbaum Associates), Lucia Bastos (arquiteta da Fundação Roberto Marinho), Jaime Lerner (urbanista), Rosa Maria Araujo (presidente do MIS), Adriana Rattes (secretária estadual de cultura), Hugo Barreto (secretário geral da Fundação Roberto Marinho), Sergio Dias (secretário municipal de urbanismo), Magali Cabral (diretora do Museu da República), Paulo Herkenhoff (crítico de arte) e Jordi Pardo (membro da Barcelona Mídia e consultor para o programa do museu). Ainda segundo Vitor, o primeiro slide de Shigeru Ban foi "uma série de croquis que desconstruia um biquini. Do biquini ele tirou a forma do pilotis do embasamento..."
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MIS / Abri o jornal esta manhã e encontrei, finalmente, as primeiras imagens dos projetos finalistas do concurso para o novo MIS. A manchete da Folha de S. Paulo é sintomática: "Paisagem e biquíni inspiram projetos de novo museu no RJ". O resultado deve ser anunciado na segunda por um júri "formado por arquitetos e museólogos, além de integrantes dos governos municipal e estadual e da Fundação Roberto Marinho". Mais em http://oglobo.globo.com/rio/mat/2009/08/06/sete-escritorios-de-arquitetura-do-pais-do-mundo-disputam-direito-de-projetar-novo-mis-757147623.asp

Posto 8 / ago 09


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Quinze dias e muito tempo depois, eis um breve resumo do que encontrei por aqui: a prefeitura anunciou que está negociando a realização de uma etapa da Fórmula Indy no Aterro do Flamengo, em 2010, ao mesmo tempo em que tombou 84 obras de Burle Marx, como “um gesto simbólico” em comemoração ao seu centenário; edifícios ecléticos foram divulgados como “novos prédios” do Tribunal de Justiça no conjunto já em construção do "Fórum da Capital", no centro da cidade, e o concurso da nova sede do MIS, em Copacabana, segue com apresentação exclusiva para convidados (ontem e hoje) dos projetos concorrentes (por arquitetos como Diller e Scofidio, Daniel Libeskind, Shigeru Ban, Bernardes & Jacobsen e Rodrigo Cerviño Lopez, entre outros). A boa notícia é que o nosso “Manifesto em defesa da exibição pública das obras de arte brasileiras” levou o Ministro da Cultura a propor uma reunião com alguns dos signatários que acontece, hoje, no IMS.